A cidade de Belém, no Pará, avança nos preparativos para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro de 2025. Nesta terça-feira (19), o ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou que a capital paraense terá 53 mil leitos disponíveis para receber delegações, chefes de Estado, cientistas, jornalistas e representantes da sociedade civil de todo o mundo.
Segundo o ministro, a capacidade hoteleira foi ampliada após intensas negociações com redes de hotéis, pousadas, hostels e até mesmo residências que deverão integrar um sistema oficial de hospedagem temporária. “A COP30 é o maior evento internacional já realizado na Amazônia. Estamos garantindo infraestrutura de qualidade para acolher com segurança e conforto as mais de 70 mil pessoas esperadas durante o encontro”, destacou Sabino.
Infraestrutura e impacto na economia local
Belém enfrentava, até pouco tempo, um dos principais desafios logísticos da COP30: a falta de hospedagem em larga escala. A cidade, com cerca de 1,5 milhão de habitantes, tradicionalmente recebe eventos regionais, mas nunca havia sediado algo da dimensão de uma conferência climática global.
O número de 53 mil leitos, anunciado nesta terça, inclui:
- Hotéis e resorts: cerca de 22 mil leitos.
- Pousadas e hostels: 11 mil leitos.
- Residências credenciadas (Airbnb e similares): aproximadamente 15 mil leitos.
- Estruturas temporárias: 5 mil leitos adicionais em embarcações adaptadas e vilas provisórias.
O setor de turismo estima que a COP30 possa injetar mais de R$ 1,5 bilhão na economia local apenas durante os dias do evento, movimentando restaurantes, bares, transportes, artesanato, cultura e serviços de tecnologia.
Sustentabilidade e legado
Além da preocupação com a logística, o governo federal e as autoridades locais garantem que o evento seguirá rigorosos critérios de sustentabilidade. Um dos objetivos centrais é transformar Belém em modelo de cidade amazônica sustentável, deixando um legado que vá além do evento.
O ministro Celso Sabino ressaltou que as construções e adaptações hoteleiras têm exigências ambientais: “Queremos que cada empreendimento adote práticas de redução de resíduos, uso racional de energia e reaproveitamento de água. A COP30 deve ser exemplo de como realizar grandes encontros sem aumentar o passivo ambiental”.
O governo do Pará também anunciou investimentos em mobilidade urbana verde, como a ampliação de linhas de ônibus elétricos e ciclovias em áreas estratégicas da capital.
Expectativas da comunidade internacional
A COP30 será a primeira conferência climática da ONU realizada na Amazônia, região central para o debate sobre mudanças climáticas e preservação ambiental. A floresta amazônica desempenha papel crucial no equilíbrio climático global, sendo considerada o “pulmão do planeta” pela sua capacidade de absorver carbono e regular o ciclo das chuvas.
A escolha de Belém como sede foi celebrada por diversos países e organizações não governamentais, que enxergam a oportunidade de aproximar os debates da realidade amazônica. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou recentemente que a COP30 será “um marco para colocar os povos da floresta no centro da agenda climática mundial”.
Desafios em segurança e transporte
Apesar dos avanços na hospedagem, especialistas alertam que Belém ainda precisa superar desafios relacionados à segurança e ao transporte urbano. Com o grande fluxo de visitantes esperado, será necessário reforçar a rede de transporte público, o policiamento e a infraestrutura aeroportuária.
O aeroporto internacional de Belém já recebe voos de várias capitais brasileiras e de algumas cidades da América Latina, mas a previsão é de que receba mais de 400 voos extras durante a COP30. Para atender essa demanda, a Infraero anunciou obras emergenciais de modernização no terminal e nas pistas.
No campo da segurança, o Ministério da Justiça já trabalha com planos de contingência em parceria com forças estaduais, garantindo a proteção de líderes mundiais e delegações.
O papel do Pará na COP30
Além da infraestrutura, a COP30 terá forte marca cultural e gastronômica do Pará. Após polêmica envolvendo o cardápio oficial — que inicialmente não incluía pratos típicos da região —, a organização voltou atrás e confirmou a presença de iguarias como tucupi, açaí, pato no tucupi, maniçoba e tacacá nas mesas do evento.
O governador do Pará, Helder Barbalho, destacou que esse reconhecimento vai além da culinária: “É a valorização da cultura, da identidade e da força do povo paraense. Receber a COP30 não é apenas organizar um evento, é mostrar ao mundo a importância da Amazônia e de quem vive nela”.
Projeções para o futuro
Especialistas acreditam que a realização da COP30 em Belém poderá trazer mudanças estruturais duradouras para a cidade. Entre os legados esperados estão:
- Ampliação da rede hoteleira e maior profissionalização do turismo.
- Investimentos em saneamento básico e transporte público.
- Consolidação de Belém como destino turístico internacional.
- Fortalecimento da economia local, especialmente nos setores de artesanato, gastronomia e ecoturismo.
O economista Marcelo Nogueira, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), avalia que a COP30 pode marcar um “divisor de águas” para o desenvolvimento sustentável da região. “É a chance de transformar Belém em vitrine de uma Amazônia moderna, que preserva sua floresta, valoriza sua cultura e se abre ao mundo”, afirmou.
O simbolismo da Amazônia no centro das discussões
A escolha da Amazônia como palco da conferência tem forte simbolismo político. O Brasil busca se reafirmar como líder nas negociações climáticas, após anos de críticas internacionais sobre o aumento do desmatamento.
O governo brasileiro promete apresentar, durante a COP30, um plano ambicioso de redução de emissões de carbono e de combate ao desmatamento ilegal até 2030. O presidente da República já confirmou presença e deve abrir o evento ao lado de líderes como Joe Biden (EUA), Emmanuel Macron (França) e Ursula von der Leyen (União Europeia).
Conclusão
Com a confirmação de 53 mil leitos disponíveis, Belém dá um passo importante para sediar a COP30. O anúncio do ministro do Turismo encerra um dos maiores desafios logísticos da organização e reforça a confiança de que a cidade estará pronta para receber o mundo em novembro de 2025.
Mais do que infraestrutura, a conferência promete deixar um legado de valorização cultural, desenvolvimento econômico e consciência ambiental. Para o povo paraense, será a oportunidade de mostrar sua hospitalidade, sua diversidade e, acima de tudo, a importância da Amazônia no futuro do planeta.